segunda-feira, 21 de maio de 2007

Leiam, e saberão. Uma contribuição ao debate sobre a redução da maioridade penal

A MORTE DE JOÃO HÉLIO E A VIDA DOS MORADORES DA PERIFERIA
Júnior Brasil (um poeta negro da periferia)

Houve um horrendo crime
Chocante até demais
Tremendo, horripilante,
Provocando muitos ais,
Revolta, sede de sangue,
Instinto apavorante
Do jeito de animais.

O assalto de um carro
Que no vermelho parou
Os bandidos se mostraram
Assalto se declarou
A mulher já se rendeu
Do volante já correu
E o carro entregou.

Sua filha, no carona
Só fez a porta abrir
E logo pulou prá fora
Nem pensou de reagir
E a sua mãe correu
A pegar o filho seu
E foi no cinto bulir.

O bandido arrancou
Levando, a arrastar,
A criança inocente
A muito se apavorar
O garoto pereceu
Com imensa dor morreu
D’uma forma de assustar.

Enquanto se deslocavam
Do local a mui correr,
Os bandidos, sem ser cegos,
Bem puderam perceber
O menino a arrastar
A muito se machucar
E já a desfalecer.

E depois de ter rodado
Distância que não bastou,
Abandonaram o carro
A fuga continuou,
No carro a lá largar
Foi policial chegar
Que viu e se assustou.

Morto tava o guri
E pouco depois correu
Nos jornais a “boa nova”
Que logo aconteceu
A prisão da “malandragem”
Que fizera a pilantragem
E um anjo converteu.

Com rapidez assombrosa
A polícia “eficiente”
Lá do Rio de Janeiro
Resolveu a “boca quente”,
Conseguiu capturar
Aos bandidos trancafiar
Investigação se deu.

Acontece que a mãe
Do jovem que faleceu
Pediu uma votação
Que inda não se atendeu
Mas que virá a matar
Os negros exterminar
Em um pesadelo meu.

Com a comoção tamanha
Querem hoje reduzir
Maioridade penal
Para ao negro punir
Por insistir em viver
Também por não se render
Em ser livre insistir.

Repare na condição
Do crime de espantar
Eram negros os tais jovens
Que vieram a matar
O garoto que morreu
Burguesinho o pai seu
No carro era o “star”!

Se fossem da zona sul
Muito bons de condição
Os jovens que arrastaram
Frágil corpo de João
Livres inda estariam
Nunca que descobririam
Qual o monstro sem noção.

A morte de João Hélio
Foi horrível prá danar,
Os caras que o cometeram
O justo devem pagar,
Mas não posso entender
A idéia sem porquê
De negros aprisionar.

Não se pode aceitar
Proposta de redução
Que matará o meu povo
Sem chance de redenção
Insistem em nos marcar
De que só no respirar
Fazemos contravenção.

As crianças da periferia morrem todo dia, de desnutrição, de falta de saneamento, de tiro de polícia, e ninguém diz nada.

domingo, 6 de maio de 2007

CORDEL DA INDEPENDÊNCIA

Eu tenho que lhe contar
A história verdadeira
De quando se deu um grito
Livrando a nação inteira
Do domínio de um império
Maldoso, franco, perneta.

Esse império vinha aqui
E levava o nosso ouro
Roubava a nossa mata
Sangrava nosso tesouro
E depois, para os ingleses
Dava o ouro velho e novo.

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Esse é só um treco de um dos cordéis mais engraçados que escrevi. Quem quiser ler completo, só comprando! Se quiser saber como comprar, faça um comentário perguntando e deixando meio de mandar a resposta.
Uma pequena homenagem aos pais, de 2006.


HOMENAGEM AOS PAIS
Júnior Brasil


A todos os pais queridos
Vamos homenagear
Pois são muito importantes
Para o familiar
Que valorize o meio
Onde pôde se criar.

Os papais cuidam da gente
Desde o nosso nascer,
Às vezes pegam no colo
Quando tamos a verter
Lágrimas de nossos olhos
Nos amparam com prazer.

Quando estamos com fome
Já vão providenciar
Alimento nutritivo
Pra mamãe nos preparar
E assim, mui bem nutridos
Possamos nos encontrar.

Eles saem de manhã
Só de noite vão chegar,
Dia todo no trabalho
Estão sempre a labutar
Para que nada nos falte
Fome a gente não passar.

Às vezes, um mau patrão
Chega a o maltratar,
Mas o meu papai querido
Grande herói do meu lar,
Agüenta com paciência
Para o salário ganhar.

Todo dia, toda noite
O meu pai a batalhar
Não falta em seu trabalho
Seu salário conquistar
É a batalha diária
Que tá sempre a ganhar.

Quando a gente é da campo
O pai todo dia vai
Junto ao nascer do sol
Para a roça ele sai
Para lavrar rijo o solo
Até quando a noite cai.

E eu já adolescente
Finjo não me agradar
Quando o meu pai me busca
Se estou a farrear
Pois sei que me repreende
Para eu me orientar.

Quando chego a adulto
E meu pai a envelhecer
Conhece os seus netinhos
Cumpriu já o seu dever
A minha vez já é chegada
De a família prover.

Olho para minha filha
E só faço me cobrar
De ser para ela um pai
Terno e bem exemplar
Encaminhá-la na vida
E muito dela cuidar.

Para começar

Gente, este espaço será a oportunidade para aqueles que quiserem ver parte da produção deste poeta na internet.

Pode acessar gratuitamente, mas para copiar o poema ou parte dele será importente que mancione a autoria, ok? Ou seja, não deixe de dizer que o cordel é do Júnior Brasil, publicado na internet.

Vamos versificar?