quarta-feira, 20 de junho de 2007

Umas sextilhas para falar do aperreio pelo qual estou passando

Estes versos abaixo escrevi na inspiração de falar do aperreio que passo agora, em junho de 2007, em que tenho trabalho, mas o salário não é suficiente para pagar as contas. Que drama né?

Vejam nas quatro estrofes abaixo.

O poeta cantador
quando falta o de comer
a viola desafina
já não consegue vencer
o desafio que enfrenta
começa logo a sofrer.

Ele olha a patroa
a panela sem feijão
os filhos logo lhe pedem
um pedacinho de pão
os seus olhos já marejam
corta-lhe o coração.

O jeito é construir
uma história arretada
e imprimir mil folhetos
e na feira anunciada
vender seu cordel maneiro
na história bem contada.

Ele pega o trocado
vai comprar um mantimento
leva pra sua mulher
alivia o tormento
de seus filhos tão magrinhos
interrompe seu lamento.

sábado, 2 de junho de 2007

Sacrifício

Era uma quinta feira
Em muito especial,
Pois o bom ou mau destino
Do ser que é terreal
Logo ao dia seguinte
Das opções bem distingues
Teria o seu final.

Pois desde que foi formado
Esse ser que Deus criou
Do barro e deu-lhe vida
Por nada se rebelou
Pois deixou-se enganar
Pelo ser do mal guiar
E do bem já se privou.

Mas a bruta confusão
Não começou no jardim,
É história mais antiga
Da qual saberei o fim
Que na Bíblia antevejo
Em meio ao meu desejo
Que Deus não esqueça a mim.

O começo foi no início
Dessa grande criação
De todo o Universo
Pela poderosa mão
De quem tem todo o Poder
E que pode nos manter
Sob boa proteção.

Esse nosso Universo
Antes de ter criação
De nada se existia
Nem um traço ou previsão
Mas um ser bem divinal
Decidiu-se afinal
Por prover a execução.

Ao prover a execução
Desse plano criador
Esse ser mui poderoso
Por um gesto de amor
Gerou um filho bendito
Alguém para ser bem visto
E ser o governador.

E esse ser bem visível
Herdou de seu gerador
Amor grande e intenso
Fonte de árduo calor
Capaz de nos derreter
A dor de um vil prazer
Que causa mágoa e dor.

E assim a existência
Do nada se originou,
E para bem governar
Nobre filho Se mostrou
Para a todos revelar
Quem fez tudo se formar
E Ele mesmo gerou.

E para auxiliar
Na precisa condução
Dos destinos do Universo
Seguindo-lhe decisão,
O Senhor fez se formar
Seres para lhe ajudar
E prestar adoração.

O mais alto serviçal
Destes que foram criados
Se sentindo o mais belo
Abandonou os cuidados
Desejou adoração
Governar a criação
E muitos foram levados.

Foi bem cerca de um terço
Dos servos de meu Senhor
Aqueles que se iludiram
Com o ser do desamor
Do homem a invejar
Da chance de se salvar
Cospem ódio e terror.

E por culpa do impuro
Que total se rebelou
Adão desobedeceu
Do proibido provou
E por isso condenados
Estamos todos fadados
A morrer quem já pecou.

Mas para sua criatura
Não ser logo condenada
Providenciou-se um plano
Pra ser alma resgatada
Toda a que aceitasse
E com Deus se consertasse
Já ‘taria libertada.

Porisso, lá em Belém
O Senhor Jesus nasceu
E foi lá em Nazaré
Que sua vida viveu
Se deixou sacrificar
E com morte de amargar
Vida nos ofereceu.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Leiam, e saberão. Uma contribuição ao debate sobre a redução da maioridade penal

A MORTE DE JOÃO HÉLIO E A VIDA DOS MORADORES DA PERIFERIA
Júnior Brasil (um poeta negro da periferia)

Houve um horrendo crime
Chocante até demais
Tremendo, horripilante,
Provocando muitos ais,
Revolta, sede de sangue,
Instinto apavorante
Do jeito de animais.

O assalto de um carro
Que no vermelho parou
Os bandidos se mostraram
Assalto se declarou
A mulher já se rendeu
Do volante já correu
E o carro entregou.

Sua filha, no carona
Só fez a porta abrir
E logo pulou prá fora
Nem pensou de reagir
E a sua mãe correu
A pegar o filho seu
E foi no cinto bulir.

O bandido arrancou
Levando, a arrastar,
A criança inocente
A muito se apavorar
O garoto pereceu
Com imensa dor morreu
D’uma forma de assustar.

Enquanto se deslocavam
Do local a mui correr,
Os bandidos, sem ser cegos,
Bem puderam perceber
O menino a arrastar
A muito se machucar
E já a desfalecer.

E depois de ter rodado
Distância que não bastou,
Abandonaram o carro
A fuga continuou,
No carro a lá largar
Foi policial chegar
Que viu e se assustou.

Morto tava o guri
E pouco depois correu
Nos jornais a “boa nova”
Que logo aconteceu
A prisão da “malandragem”
Que fizera a pilantragem
E um anjo converteu.

Com rapidez assombrosa
A polícia “eficiente”
Lá do Rio de Janeiro
Resolveu a “boca quente”,
Conseguiu capturar
Aos bandidos trancafiar
Investigação se deu.

Acontece que a mãe
Do jovem que faleceu
Pediu uma votação
Que inda não se atendeu
Mas que virá a matar
Os negros exterminar
Em um pesadelo meu.

Com a comoção tamanha
Querem hoje reduzir
Maioridade penal
Para ao negro punir
Por insistir em viver
Também por não se render
Em ser livre insistir.

Repare na condição
Do crime de espantar
Eram negros os tais jovens
Que vieram a matar
O garoto que morreu
Burguesinho o pai seu
No carro era o “star”!

Se fossem da zona sul
Muito bons de condição
Os jovens que arrastaram
Frágil corpo de João
Livres inda estariam
Nunca que descobririam
Qual o monstro sem noção.

A morte de João Hélio
Foi horrível prá danar,
Os caras que o cometeram
O justo devem pagar,
Mas não posso entender
A idéia sem porquê
De negros aprisionar.

Não se pode aceitar
Proposta de redução
Que matará o meu povo
Sem chance de redenção
Insistem em nos marcar
De que só no respirar
Fazemos contravenção.

As crianças da periferia morrem todo dia, de desnutrição, de falta de saneamento, de tiro de polícia, e ninguém diz nada.

domingo, 6 de maio de 2007

CORDEL DA INDEPENDÊNCIA

Eu tenho que lhe contar
A história verdadeira
De quando se deu um grito
Livrando a nação inteira
Do domínio de um império
Maldoso, franco, perneta.

Esse império vinha aqui
E levava o nosso ouro
Roubava a nossa mata
Sangrava nosso tesouro
E depois, para os ingleses
Dava o ouro velho e novo.

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Esse é só um treco de um dos cordéis mais engraçados que escrevi. Quem quiser ler completo, só comprando! Se quiser saber como comprar, faça um comentário perguntando e deixando meio de mandar a resposta.
Uma pequena homenagem aos pais, de 2006.


HOMENAGEM AOS PAIS
Júnior Brasil


A todos os pais queridos
Vamos homenagear
Pois são muito importantes
Para o familiar
Que valorize o meio
Onde pôde se criar.

Os papais cuidam da gente
Desde o nosso nascer,
Às vezes pegam no colo
Quando tamos a verter
Lágrimas de nossos olhos
Nos amparam com prazer.

Quando estamos com fome
Já vão providenciar
Alimento nutritivo
Pra mamãe nos preparar
E assim, mui bem nutridos
Possamos nos encontrar.

Eles saem de manhã
Só de noite vão chegar,
Dia todo no trabalho
Estão sempre a labutar
Para que nada nos falte
Fome a gente não passar.

Às vezes, um mau patrão
Chega a o maltratar,
Mas o meu papai querido
Grande herói do meu lar,
Agüenta com paciência
Para o salário ganhar.

Todo dia, toda noite
O meu pai a batalhar
Não falta em seu trabalho
Seu salário conquistar
É a batalha diária
Que tá sempre a ganhar.

Quando a gente é da campo
O pai todo dia vai
Junto ao nascer do sol
Para a roça ele sai
Para lavrar rijo o solo
Até quando a noite cai.

E eu já adolescente
Finjo não me agradar
Quando o meu pai me busca
Se estou a farrear
Pois sei que me repreende
Para eu me orientar.

Quando chego a adulto
E meu pai a envelhecer
Conhece os seus netinhos
Cumpriu já o seu dever
A minha vez já é chegada
De a família prover.

Olho para minha filha
E só faço me cobrar
De ser para ela um pai
Terno e bem exemplar
Encaminhá-la na vida
E muito dela cuidar.

Para começar

Gente, este espaço será a oportunidade para aqueles que quiserem ver parte da produção deste poeta na internet.

Pode acessar gratuitamente, mas para copiar o poema ou parte dele será importente que mancione a autoria, ok? Ou seja, não deixe de dizer que o cordel é do Júnior Brasil, publicado na internet.

Vamos versificar?